sexta-feira, agosto 06, 2010

Exposição resgata história da Região Amazônica

Mostra abre nesta quinta-feira (5), no Museu Histórico do Estado do Pará

O Museu Histórico do Estado do Pará abre as portas nesta quinta-feira (5) para uma das mais ricas e atraentes exposições de fotografias já produzidas até hoje sobre a Amazônia, no Brasil e no exterior: ‘Amazônia, estradas da última fronteira’. O autor é o repórter fotográfico Paulo Santos, um dos mais experientes profissionais do setor hoje em atuação no país.

A exposição, um dos eventos que integra o projeto que prevê o lançamento de livros integram é uma forma do autor, testemunha e observador privilegiado das transformações sofridas pela Amazônia ao longo das três últimas décadas, expressar, com imagens e palavras, as díspares realidades que caracterizam e caracterizaram a região em variadas dimensões de tempo e em diferentes contextos.

O projeto, segundo Paulo Santos, começou a ser pensado há mais ou menos quatro anos. A concepção original era fazer uma retrospectiva dos seus vinte e cinco anos de carreira fotográfica. O trabalho de seleção de imagens, de curadoria, de definição de temas, tudo isso aliado às exaustivas providências de natureza material necessárias para viabilizar um projeto de tamanha envergadura, porém, acabou por lhe tomar mais tempo do que ele em princípio esperava.

O resultado, segundo Paulo Santos, foi que o projeto acabou também, com o tempo, passando por ajustes e tomando novos rumos. O que seria uma simples mostra de fotografias, restrita unicamente a um determinado período de tempo – 25 anos –, ganhou o status de exposição com caráter permanente, abarcando um espaço maior de tempo (cerca de trinta anos) – e, o que é mais importante, com organização na forma de documentário.

Rever e selecionar integralmente todo o seu acervo, constituído ao longo de quase três décadas, não foi um trabalho fácil. “Prazeroso sim, mas nem um pouco fácil”, diz Paulo Santos. Nessa tarefa, ele teve que se debruçar sobre perto de 700 mil imagens, o conjunto que integra o seu patrimônio iconográfico. Delas, cerca de 700 foram selecionadas para ilustrar a coletânea de livros.

Paulo Santos identifica e destaca três aspectos distintos do trabalho jornalístico que lhe permitiu, em diferentes momentos históricos, perpetuar a realidade cambiante da Amazônia, região em que nasceu – natural que é de Belém do Pará – e que conhece como poucos, já que mantém com ela uma relação simbiótica. O fruto desse trabalho está expresso em fotografias que ganharam o mundo, veiculadas que foram em diversos dos mais prestigiosos órgãos de imprensa regionais, nacionais e internacionais.

Os livros - Esses aspectos estão presentes em imagens tanto na exposição quanto na coleção de livros que integram o projeto e que serão lançados este ano. Um deles dá conteúdo ao primeiro dos três volumes – por isso batizado com o título “Povos da mata”. Nele, o autor busca retratar as áreas remotas da Amazônia, com sua natureza densa, rica, seus acidentes geográficos e seus tipos humanos. Nessas áreas, de povoação escassa e onde estão presentes invariavelmente elementos das três raças que se intercambiaram no processo de ocupação humana da Amazônia – o índio, o negro e o branco colonizador –, as transformações do ambiente natural da região são ainda pouco perceptíveis e os impactos sociais e ambientais praticamente nulos.

No segundo volume, batizado como “Estradas da última fronteira”, título sugestivo que deu nome também à coleção, está retratado o caótico e quase sempre conflituoso processo ainda em curso de ocupação da Amazônia, como síntese de um processo predatório de desenvolvimento. Nele estão documentados, em imagens por vezes chocantes, a destruição da floresta, as queimadas, os conflitos fundiários e o avanço sobre os recursos naturais da região.

Nesse capítulo, o autor cita como exemplo emblemático o antigo garimpo de Serra Pelada, onde ele esteve a trabalho por diversas vezes na década de 1980. Mas não só Serra Pelada, diz Paulo Santos, apontando ainda a ação ambientalmente devastadora dos garimpos em ecossistemas delicados do Pará e da Amazônia, um prelúdio em cores sombrias da pilhagem que viria a sofrer a região nas décadas subseqüentes. Entre outros episódios reveladores da brutalidade que costuma evidenciar os conflitos de interesses muito comuns na Amazônia, o segundo volume traz ainda à tona o massacre de 19 garimpeiros de diamante por índios cinta-larga de Rondônia, em abril de 2004, e a morte da missionária brasileiro-americana Dorothy Stang, morta a tiros em Anapu, no sul do Pará, em 2005.

O terceiro volume da coleção, tendo como título “O grande projeto”, busca interpretar, através de imagens, o modelo de desenvolvimento planejado para a Amazônia pelo regime militar a partir da década de 1970. Ele documenta as grandes obras de infraestrutura, os programas de ocupação humana e os megraprojetos de indução do desenvolvimento, como a abertura da Transamazônica, os planos integrados de colonização executados pelo Incra, a hidrelétrica de Tucuruí e o Projeto Carajás. Trata-se, como se vê, de empreendimentos que, para o bem ou para o mal, mudaram – e continuam mudando – o curso histórico da Amazônia.

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