segunda-feira, agosto 03, 2009

Festival de Ourém é adiado pela crise na cultura

O Festival da Canção Ouremense, um dos maiores e mais antigos eventos de música do norte do país, também sofre os reflexos da crise econômica e do corte de recursos destinados à cultura no Estado. Diante do quadro, a Prefeitura de Ourém, responsável pelo evento, decidiu adiar a próxima edição do festival, que é tradicionalmente realizado em julho. A previsão é para agosto, mas ainda não há confirmação.

“O principal motivo (do adiamento) é encontrarmos um contexto econômico geral que nos garanta a realização do evento com a qualidade que desejamos”, diz Inacilene Costa, secretária de Cultura de Ourém. Ela afirma que a prefeitura, que assumiu este ano, ainda está “arrumando a casa” e pagando dívidas anteriores.

Em reação à crise no festival, um grupo de artistas locais, encabeçado pelo produtor cultural Arlindo Matos, se organiza em defesa do evento. “O festival é o ícone maior da cultura da nossa região. A não realização dele este ano deixou uma lacuna durante o veraneio de Ourém. Devemos pensar em novas alternativas, quem sabe até num novo festival”, propõe Arlindo.

No entanto, Inacilene Costa garante que o festival vai, sim, ocorrer este ano, “independentemente dos apoios e investimentos externos”. “Estamos captando recursos com a iniciativa privada. Fora o atraso, tudo está ocorrendo como previsto. Os planos são, inclusive, de aumentar a premiação este ano”, diz ela.

Realizado desde 1983, o festival reúne todo mês de julho, no município de Ourém, nordeste do Estado, os maiores compositores, cantores e intérpretes da música paraense. O evento, que começou com a iniciativa de um grupo de jovens do município, atrai artistas de todo o país, motivados ainda pelos grandes festivais de música que ocorriam no Brasil desde a década de 1960. Segundo a Prefeitura de Ourém, durante os três dias de competição, realizada na Concha Acústica, a cidade recebe, em média, dez mil visitantes.

Secult diz que ainda não recebeu o projeto
Os efeitos da crise têm reverberado no setor cultural paraense, e a palavra de ordem é contingenciamento. Órgãos de cultura tiveram seus horários de funcionamento reduzidos. Programações e investimentos foram adiados.

Não foi diferente no caso do Festival da Canção de Ourém. O financiamento do evento, que sempre coube ao Governo do Estado, via Fundação Cultural Tancredo Neves (Centur), corre o risco de ser prejudicado. “A missão da fundação é apoiar a cultura local, mas o nosso orçamento há algum tempo está comprometido. Não podemos investir este ano na maioria dos projetos que usualmente costumávamos investir. Do jeito que as coisas vão, não haverá verba para este também”, afirma um assessor da Fundação Tancredo Neves que prefere não se identificar.

O decreto 1.618 (23/4) que regulamenta a atual política de contenções do governo foi prorrogado até dezembro. As reduções visam especialmente gastos administrativos, como o consumo de água, luz, combustível e ainda telefonia móvel e fixa nas repartições públicas. A expectativa com essas medidas é o corte de até 30% do custeio. Mas os projetos culturais não estão imunes às reduções.

Na Secretaria de Estado de Cultura (Secult), a informação é que a Prefeitura de Ourém não deu entrada no projeto do festival solicitando apoio financeiro. E mesmo se o projeto for aprovado pela Secult, não há garantias de que haverá o recurso pleiteado. “Depende muito de como vai estar nosso orçamento na ocasião da entrada do projeto. Os nossos recursos estão pulverizados em várias ações. Mas nenhum projeto deixará de acontecer, apenas terão que ser ajustados à nova realidade”, diz um assessor.

Edição quer contemplar músicos do interior

Da década de 80 até hoje o Festival da Canção em Ourém sofreu várias modificações, tendo ocorrido inclusive o cancelamento do evento em algumas edições. Ou seja, apesar da sua perenidade, o evento nunca foi imune às crises e mudanças, tendo que se adequar às elaborações culturais dos diversos gestores e aos recursos captados ao longo dos anos.

O modelo proposto para este ano tem como prioridade contemplar os músicos de Ourém e do Polo Capim.

Segundo o edital, três músicas do município e duas do polo devem ser finalistas. Este recurso, de acordo com a organização do evento, serve como estímulo para a participação de músicos do interior do Estado.

Os músicos apoiam essa mudança. “Essa política é necessária por que falta infraestrutura para os músicos da terra. Faltam estúdios, espaço, muitos não têm sequer seu próprio instrumento. Mas, o investimento na cena musical tem de ser contínuo. Caso contrário, nunca vamos acabar com a impressão de que o Festival de Ourém é elitizado, feito para os músicos de Belém. Tem que se achar uma forma de inserir os músicos do município de forma completa”, comenta Fábio Cavalcante, veterano do Festival de Ourém e que morou por cinco anos na região.

Com ou sem festival, Ourém já está em polvorosa. “Admito que o festival não é para todos os gostos, mas mesmo quem não gostava do festival na cidade sentiu a falta dele agora em julho. A minha ideia é fazer um festival da canção alternativo, no Morro da Capelinha, para oferecer uma alternativa à cultura da

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